domingo, dezembro 18, 2011

Sonhos - Nobody's Child

Em seus sonhos, são sente mais amor, na verdade, não tem sentimentos nem emoções, apenas curiosidade. Se entrega a homens com quem sabe que não tem a minima afinaidade, mas que podem cumprir o seu papel.

Ela cansou de poesia. Verdadeiramente agora quer apenas ser.


terça-feira, julho 15, 2008

Registrando mais um grito abafado.



Depois de tanto tempo, ela tentou sonhar de novo e como sempre aconteceu, há alguma coisa doloridamente séria tirando a essa leveza, algo que a faz ver a realidade e tirou mais uma vez o corpo das ilusões.
Há alguns anos, tudo que ela queria era a chance de mostrar o quanto havia mudado, o quanto estava disposta a arriscar. Mas a oportunidade não veio. E ela desistiu.

Lembrou-se então de uma conversa que teve há alguns dias. Nela, o amigo contava algo sobre a derrota que reconhecia num determinado momento da sua vida e sobre a falta de oportunidade que teve de recomeçar. Infelizmente agora ela entendia o que a sensibilizara tanto nesse episódio: Viu ali a si mesma. "Essa derrota tb é minha!", pensou instintivamente. Agora entendia o porquê.

Tentou então localizar na sua memória recente quem poderia representar essa derrota para si, da mesma maneira que o amigo a via personalizada na Menina do Fogo. E a resposta veio rápido: Luiza! Sim, é Luiza que a faz sentir a derrota daquela época. A passional e melancólica Luiza! Tudo que se imaginou viver, tudo que escreveu, tudo que ansiou, tudo o que desejou.
Luiza com seus cabelos curtos, sua nuca a mostra, sua crueza verdadeira. Ela se mostrou crua e sem retoques para o mundo esperando que alguém lhe enxergasse a beleza. Confiou que alguém veria! Desafiou sua própria insegurança e se mostrou crua, nua e apaixonada na esperança que alguém sentisse o cheiro do sexo e o aroma da alma. Mostrava seu corpo esguio e delicado, em linhas duras, retas e negras na esperança de que alguém lhe percebesse o contraste.
Muitos sentiram o cheiro da fêmea. Mas ignoraram completamente a mulher. E ela se fechou novamente.

E foi refletindo sobre isso, que melancolicamente percebeu os olhos que a teriam visto, que a teriam feito ter sentido naquele tempo. Os olhos que teriam vindo na hora certa, e que, por algum motivo, não vieram. Que a olham agora, mas atravez de um canal improvável: que sentem o que ela foi, vendo o que ela se tornou. Com um grande abismo no meio.

Veio-lhe à cabeça a imagem de uma pena emplumada que cai do céu. Uma branca, leve e quase imaterial como a sua propria alma que delicadamente desce os céus, sinuosa, hesitante e pousa no colo da menina-vestida-de-mulher, aquietando um pouco a sua revolta, mas lembrando-a de que aquele pássaro já se foi há muito. Que não está mais naquele pedaço de céu.

E guardando a pena dentro do livro da sua história, pensa que não se considera uma pessoa derrotista, que ainda acredita no sentido que as coisas devem ter. Tiveram até hoje, não?

terça-feira, maio 01, 2007

A Casa

Ela sabe que não tem muita escolha quando começa a se sentir assim. Uma agonia, uma vontade de ser tudo e a consciência de que se é nada. Vontade de ferir, vontade de rasgar, vontade de... Intensidade. Sim, talvez seja isso: Vontade de intensidade.

Quando essa vontade vem, é ofuscante. Mostra dentro. Tudo em volta parece de uma aridez sem precedentes... Essa luz cega a razão e poe a mostra toda a dor que fica escondida. Alguém tem que sentir isso também!!! Ela não pode sentir tudo isso sozinha!!!

Ferir, magoar! Não sabe ao certo. Intensidade!!!! Ou ódio, ou paixão! Fogo, consumação! Alguma coisa! Por favor!!!!

"Porque me deram aquela casa perfeita se eu ainda não estou lá?!?!?!!?"
Fecha os olhos e vê os passaros que cruzavam o interior da casa vermelha com jardim interno e rede. Ela sabe que lá ele estará esperando por ela, que lá ele a deseja, e que lá ele aceita ser amado. Anseia por voltar, mas qual será o caminho?

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

A Perda

"Pode ser que não exista lição nem mensagem nenhuma a ser passada... Simplesmente é."

Ele consegue ser tão imanente, enquanto eu fico brigando com uma suposta presença de Deus.

A culpa é o pior veneno que pode ser inoculado na gente....




quarta-feira, maio 24, 2006

Vanitas vanitatum, omnia vanitas.

Ela olhava a cova rasa.

Nunca tinha visto nenhum lugar tão absurdamente triste como aquele: o buraco raso mal aberto, a terra vermelha lameada, a garoa, o céu cinza e o frio... Como a morte podia ser tão feia?

Com a garoa tudo estava tão confuso que não tinha certeza se pisava em terras ou tumulos. As pessoas amontoavam-se em montes de lama, a cova era menor do que o necessário, as flores coloridas e mortas das coroas grandeloquentes e vulgares eram desoladoras e davam um carater ainda mais cruel e viceral àquela situação. Ela olhava a tudo buscando alguma coerencia no que estava acontecendo, buscando alguma dignidade naquele lugar, alguma coisa que merecesse a presença de qualquer um, vivo ou morto.

Viu a prima: olhos castanhos marejados, a solidão dolorida num ponto lamacento mais alto à cabeceira da cova recem acertada ao tamanho do caixão. "_Cinco ou sete palmos... que diferença fazia diante da profundidade daquela tristeza e da perpesctiva de que um dia também irei passar por isso...". Continuava olhando a prima e percebia cada vez mais claramente a poesia daquela presença: alheia a tudo, como se naquele momento só existisse ela e o pai, num ultimo adeus sem palavras, o silencio mais audivel e absoluto que ela pode sentir até hoje...

O que é a dignidade de um lugar em comparação a dignidade do sofrimento de alguém como ela? O que é o desespero e a saudade diante da serenidade daquele tipo de amor?

"_Essa é uma imagem da qual eu nunca vou esquecer".

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Franscisco

De todas as maneiras que há de amar
Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão

De todas as maneiras que há de amar
Já nos machucamos
Com todas as palavras feitas pra humilhar
Nos afagamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Vermelho Molhado

Sonhou que beijava. Beijava muito, que se fundia em beijos e não queria nada além disso.
Como uma adolescente que incha os labios de tanto beijar escondido...
Sentiu-se feliz.

E acordou querendo apenas que, desta vez, nada apresse o processo.

terça-feira, outubro 18, 2005

Os Ultimos Dias


Neste momento, o vazio se descaracteriza como tal. Ele se torna o Obscuro que me atrai.
O Grande Vazio agora é o Telúrico, que uma vez seguido privará minha existencia dos anjos protetores.

Quem são eles?

terça-feira, agosto 09, 2005

Stormy Weather


_Rapaz, só você pra me fazer assim, pateticamente romantica...
_Hehehe, pois é. Quem sabe um dia...

É assim que ela se sente: pateticamente romântica. Delicadamente vulnerável. Irremediávelmente sensivel.
Todas as caracteristicas que ela achou que tinha soterrado dentro de si. Mas não soterrou, simplesmente guardou.


Ele é como o vento. Ele tem a chave. Quando essa ventania começa, não há escolha.
Vento que bate no seu rosto, cheiro de chuva invade, como nas tempestades de final de ano: Vem! Toma de assalto e limpa a poeira dessa alma de menina!
Ela não tem muita escolha e, pra falar a verdade, nem quer ter. Só quer sentir o cheiro da chuva, o movimento. A natureza em forma de homem.

"e eu, uma simples mulher." Pensa, e agora, só espera a chuva chegar.

segunda-feira, julho 25, 2005

O velho e o mar


O mar, a paisagem cinza de garoa e maresia. O homem velho e solitário com olhos acinzentados perdidos no horizonte embaçado.

Eu me sento ao seu lado, ele me observa longamente e então esboça um sorriso: ele sabe porque eu estou ali e me permitiu ficar. Volta-se ao horizonte à sua frente que novamente acinzenta seus olhos.

Ele me permitiu ficar. Quero lhe contar tudo que tenho dentro de mim: cada historia, cada sensação, cada alento que ficou guardado ao longo de todos esses anos. Quero falar do bem que ele me faz... Do apego... Da ânsia...
Mas apenas sigo seus olhos e eles me mostram o horizonte, o cinza, o mar. Um mar fundido com o cinza do céu. E é lindo. Mesmo cinza. Mesmo sem ser azul.

Ele me permitiu ficar, e agora, eu partilho da beleza da sua solidão. Queria poder pegar a sua mão e não deixá-lo só... Mas mesmo assim estamos em paz. Estamos em paz e assim ficaremos, até que a vida docemente apague de mim a sua presença.
"omini festinatio ex parte diabli est"