segunda-feira, abril 18, 2005

Insônia

Rolou na cama durante um bom tempo e quando levantou, levantou de medo. Todas as suas "verdades transcendentes" viraram fantasmas e cobranças que não a deixavam em paz. Sentiu-se esquecida por Deus. De novo. Sentiu-se atrasada. Sentiu-se impotente e futil. Um bibelo inútil na vida de todos.

E sentindo tudo isso sentou-se no micro e escreveu. Escreveu, escreveu, escreveu... "escrevendo vc não se sente tão só" - lembrou. Mas a solidão e a dorzinha incomoda continuaram... escreveu, escreveu e escreveu... Colocou toda a dor pra fora sem disfarce e se assustou com o que leu.

Melancolica conclusão: "poxa. quanto mais eu acho que estou perto, de repente percebo que estou longe, longe demais de tudo. Será que o poço está sendo revestido ou será que ele foi esquecido..." Pensou no pai, na mãe, em todas as pessoas querida próximas, em seus problemas e sentiu-se impotente... E escreveu até os dedos doerem.

Mas não publicou: Por algum motivo, o texto sumiu da tela num daqueles incidentes de que só a informática é capaz...

Ficou perplexa com a perda do registro das suas dores...

E da tela, como quem brinca, surge a janelinha:

"Guardian Angel diz:
vc consegue mudar a opiniao do mundo... menos a sua... acho q é hora de vc pensar nisso, não?"


Ah, as maravilhas da informática... Que transformam bits em anjos...

segunda-feira, abril 11, 2005

O Silêncio

Ela sente que começa a pisar num terreno perigoso. E que uma vez que se decida a tentar, não vai sair ilesa: tudo tem um preço e ela começar a sentir o valor disso. É uma sensação engraçada, sensação de resignação. De responsabilidade e coerência consigo mesma. Ela sabe como parar, mas não sabe se deve. Na verdade não sente que deve.

Antes, ela podia brincar de devanear. Mas isso foi antes. Agora, é tudo ou nada. E ao contrário da sensação que teve todos esses dias, não sente mais a necessidade de sentir-se segura. Sabe, ou pelo menos começa a sentir, que a vida está de novo a chamando, desta vez, um chamado bem sutil. Parece ser a experiência que ela precisava.

Isso talvez custe caro. Talvez.

O silêncio a absolve de toda a especulação de antes. No silêncio que foi imposto a sua vida agora, ela vai começar a sentir as respostas. E desta vez vai tentar seguí-las.

quinta-feira, abril 07, 2005

A invasão bárbara

Introspecção. Ela se sentia sozinha. De novo. E triste.

Não mais via isso de uma maneira ruim. Claro que a tristeza e a decepção eram ruins, mas ela sentia alguma coisa de importante estava acontecendo: desconfia que, de novo, ela estava sabotando a sua passividade.

Já há algum tempo estava se sentindo incomodada, mas não conseguia fazer nada conscientemente. Cada vez mais fica claro que atitudes, e não palavras, são o que contam.
Ela se deixou ir e não teve força para voltar sozinha. Agora era preciso voltar. Era preciso um motivo e ela tinha um. Involuntário a principio, mas que colocava bem a mostra as feridas. Tempo de fechar-se e curar feridas.

Enquanto isso, ela sabe, lá no fundo, que vai sentir falta do carinho das pessoas.

segunda-feira, abril 04, 2005

A amadora

Era assim que ela se sentia. Uma negociante amadora que jogou tudo que existia de importante e precioso dentro de si na dança como se não fosse nada. Ou melhor, como se fossem apenas fichas. Só que agora ela percebe que as fichas eram douradas. Eram todo seu tesouro. Que ela deu de mão beijada em troco de um relacionamento que está se tornando cada vez mais cinza. A grande ironia foi perceber que ao mesmo tempo que faltava tão pouco para ser perfeito, faltava tudo. Tudo... Ela não devia ter passado por cima de si mesma dessa forma. Mas passou.

_Ô Luisa, vc nunca teve dessas frescuras... Você não sabe o que quer da vida, não?

Ela deu todas as fichas. E o pior: vendeu a imagem errada.
"omini festinatio ex parte diabli est"