segunda-feira, julho 25, 2005

O velho e o mar


O mar, a paisagem cinza de garoa e maresia. O homem velho e solitário com olhos acinzentados perdidos no horizonte embaçado.

Eu me sento ao seu lado, ele me observa longamente e então esboça um sorriso: ele sabe porque eu estou ali e me permitiu ficar. Volta-se ao horizonte à sua frente que novamente acinzenta seus olhos.

Ele me permitiu ficar. Quero lhe contar tudo que tenho dentro de mim: cada historia, cada sensação, cada alento que ficou guardado ao longo de todos esses anos. Quero falar do bem que ele me faz... Do apego... Da ânsia...
Mas apenas sigo seus olhos e eles me mostram o horizonte, o cinza, o mar. Um mar fundido com o cinza do céu. E é lindo. Mesmo cinza. Mesmo sem ser azul.

Ele me permitiu ficar, e agora, eu partilho da beleza da sua solidão. Queria poder pegar a sua mão e não deixá-lo só... Mas mesmo assim estamos em paz. Estamos em paz e assim ficaremos, até que a vida docemente apague de mim a sua presença.

segunda-feira, julho 11, 2005

O meu amigo

"Revi a cidade. A Praga daqui. Aprendi a gostar mais dela com você.

Durante a transmissão, com os olhos grudados na TV, eu revi a cidade que aprendi a gostar e respeitar mais atravez das tuas linhas, ouvi falar dos escritores que me interessei a ler depois dos teus textos e me senti feliz. Feliz, num dia de tristezas infundadas, de vazio.

Me senti parte daquilo tudo, como se fosse parte de você. Do meu amigo. De Curitiba. Da Praga daqui."

Ela releu algumas vezes o texto, embalada pelo frio de julho, e pensou que aquela também era a cidade da sua familia. Mas o que importa? Agora, de alguma maneira, ela percebeu que não era mais. Agora era a cidade dele. E pra sempre seria.
"omini festinatio ex parte diabli est"