domingo, maio 15, 2005

Ao Todo

Enquanto escreve, ela sente que a cabeça alivia. Talvez tenha entendido essência do problema.

"Bem-vinda de volta energia sem nome que me confunde os sentidos e me faz participar da vida. Bem-vinda de volta e paciência com as minhas projeções.Tentarei não lhe dar nem olhos azuis, nem olhos vidrados. Tentarei não fazer de você o principe que não existe e nunca existirá, nem o sexo que nunca redimiu e nunca redimirá. Nem os vicios. Vicios e carências a serem entendidos ...A minha verdade vai surgir. Além das palavras."

Se bem que, por hora, ela sabe que as palavras têm sido suas únicas companheiras.


By Luisa

quarta-feira, maio 11, 2005

Zhong Fu - O Sonho

Os dois caminhavam lado a lado num terreno onde as palavras não tinham mais efeito. Arredores de almas opacas, sebentas, pequenas. A linguagem, como eles a conheciam e atravez da qual eles conseguiam tão bem expressar tudo que aprendiam, simplesmente não tinha o menor efeito. Não naqueles arredores.

"Porcos e peixes são os menos inteligentes entre os animais e, portanto, os mais difíceis de influenciar. É necessário que a força da verdade interior chegue a um grande desenvolvimento para que possa exercer influência sobre tais seres. "

Era preciso irradiar essa verdade. Mas onde ela estava?
Atravez da presença um do outro, podiam sentir que essa verdade existia. Que era essa verdade que precisava transbordar. Era essa a verdade além das palavras que atingia e iluminaria tudo. Mas onde ela estava?
Como olhar toda a mediocridade em volta e compadecer-se. Como aceitar toda a ignorancia e estupidez e mesmo assim ter generosidade para deixar a sua verdade transbordar?

Ela não sabia. Apenas sentia, no espaço onirico alheio, que talvez essa seja a proxima etapa.

sexta-feira, maio 06, 2005

Juta

_Fecha meus olhos.

_O quê?!

(ela sabe que tudo que passar atravéz deles será analisado, dissecado e classificado. E nesse momento tudo que ela precisa é apenas sentir e deixar ir.)

Ele pega a primeira coisa que vê na frente com uma certa afobação, porque sabe que essa chance não irá se repetir. Enquanto amarra a tira de juta crua, áspera, ele observa em silêncio. Uma vez fechada essa "janela" ele perde a pressa, se sente mais íntimo.
Rodeia essa imagem nova e a puxa do banco alto de forma brusca deixando-a em pé no meio da sala. Essa imagem indefesa lhe agrada. Nesse momento ele pode ver. Ele é o senhor.

Sem seus olhos, ela se sente pequena. Está nua sem estar. É apenas uma mulher.
E agora, pode ouvir os passos lentos e abafados a sua volta. Sente o ar na sua nuca: ele está bem perto e toca de leve a blusa dela ordenando, baixo, que a tire de vez.

Ela se permite obedecer, sem saber direito onde está, e desabotoa a blusa de tecido frio devagar desenhando em sua mente as sensações e o corpo que agora, ela sabe que tem.
"omini festinatio ex parte diabli est"